Por Rudison Luiz Ladislau, em 13 de maio de 2015.
Após a deflagração da segunda
grande greve dos educadores (professores e funcionários) da rede estadual de
ensino do Paraná neste ano, temos acompanhado nos locais de concentração os
depoimentos de vários educadores que fizeram a luta em defesa da educação
pública durante os governos de Álvaro Dias (1987-1990) e Jayme Lerner (1995-2003),
fazendo uma relação direta desses com o atual governo de Beto Richa (PSDB).
Essa alusão não objetiva apenas sensibilizar os demais educadores para com a
luta, mas sim, é mais uma afirmação, que a muito já é anunciada, de que os
projetos de sociedade entre esses são os mesmos, ou seja, se trata da já
conhecida política neoliberal de estado mínimo quem vem sendo novamente
implantada no Estado, com ênfase principalmente na precarização e
mercantilização da educação.
Neste segundo mandato fica evidente
que o governo Beto Richa tem um projeto de sociedade contra os trabalhadores e
em favor dos patrões, em favor da iniciativa privada em detrimento do setor
público, se trata da efetivação do projeto neoliberal, que se realizada através
de medidas arbitrárias, autoritárias e antipopulares. O massacre dos educadores
promovida no dia 29 de abril deixam claro que este governo representa um atraso
de décadas, nos levando até o período da ditadura militar.
Se na primeira greve o governo teve uma
grande derrota, com a retirada dos projetos e fim da Comissão Geral,
surpreendentemente se reestrutura para novas ofensivas. Portanto, esta greve
tem um grande significado, mais do que forçar o governo a cumprir com a Lei da
Data Base e a Lei do Piso, significa imprimir
uma nova grande derrota ao governo e segurar por mais tempo as políticas de
estado mínimo, ou no caso contrário o fortalecimento deste mesmo estado. Por
este fato, o governo rompe as negociações, realiza uma série de ameaças, faz
campanhas para jogar a comunidade contra os educadores, objetivando
desmobilizar a categoria e forçar um retorno dos educadores como sentimento de
derrota.Por isso, se faz necessário
politizar a luta – avançar da luta econômica para a disputa do projeto de
sociedade.
Muitos pais, mães e educadores têm
apresentadas preocupações quanto ao calendário escolar. A preocupação é
legítima, mas este pensamento se foca apenas ao momento atual e na perspectiva
que estes ataques se encerram por aqui, portanto não leva em consideração que a priori, ainda
há pela frente mais de 3 anos deste mandato, portando também cabe uma
preocupação ainda maior para estes, se haverá escola e universidade estadual
pública no final desta gestão, e permanecendo, como estarão.
Logo após as eleições, em 2014,
o governo impõe uma série de medidas antipopulares, com foco principal na
educação, e deverá continuar sendo. No entanto, todas as categorias de
trabalhadores serão penalizados neste governo, em maior ou menor grau. A luta
é, e deverá continuar sendo neste próximo período para não perder direitos.
É importante frisar: a
perspectiva é de passarmos por ataques ao conjunto da população paranaense (aos
trabalhadores), ou seja todos serão afetados pelas políticas a serem
implantadas; ainda deverá ocorrer a criminalização dos movimentos sociais e
sindicais, e ainda a perseguição as lideranças. Por tudo isso, o período
exigirá dos educadores:
·
Ter em mente que greve é mais que não ir às
escolas. É movimento, é luta. É tensionar o governo para que atenda a pauta.
·
Entender que o momento atual, esta greve,
definirá os próximos embates. O momento é crucial e decisivo para as próximas
medidas.
·
No entanto, temos que compreender que a luta não
é apenas momentânea e econômica – é para
os próximos anos e é por disputa de projeto de sociedade.
·
Temos que ser consciente que não vamos frear
estes ataques sem fazer a relação com outros movimentos sociais e categorias,
principalmente o conjunto dos servidores públicos estaduais.
·
Precisamos investir na comunicação com a
sociedades – através da mídia tradicional – jornais e rádios, mas
principalmente através da mídia alternativa: blogs, redes-sociais, panfletos,
lambe-lambe.
·
Entrar na greve é muito importante, mas ainda
mais fundamental será nossa participação e iniciativa. Não podemos esperar que
os dirigentes do sindicato ou um núcleo ampliado dê conta das atividades - precisamos nos sentir protagonistas,
responsáveis pela luta... verdadeiros lutadores em defesa da escola pública.
“Escola pública, uma luta de todos”.