Por Rudison Luiz Ladislau*
Nesses dias históricos de luta da
educação paranaense, contra o retrocesso das políticas neoliberais, não há
espaço para nenhum tipo de neutralidade, é uma conseqüência natural a
necessidade de posicionamento político. A própria tentativa de ficar isento
pressupõe uma escolha de lado, no caso, de quem está no poder.
Esse é um momento bastante interessante
para fazer algumas análises, isto porque de certa forma fica evidente o
posicionamento político da maioria dos sujeitos. De um lado aqueles que
defendem o movimento de greve e de outros aqueles que tentam desqualificar e
desmobilizar os educadores. Para esses últimos, uma das táticas encontradas tem
sido a criação de boatos e desinformação, e para isso se diz de tudo, o
objetivo é criar insegurança e medo. Outra tática tem sido a negação da
política, e aqui cabe uma atenção a mais.
Falar de sindicato como ação
política, bem como discutir a própria política partidária, ainda são temas
delicados de abordar, mesmo no meio de educadores. Essa dificuldade de debate e
entendimento, são marcas residuais a
serem superadas que tem a origem e demonstram a presença atual das forças de
repressão ideológica da ditadura civil-militar, que dominou o país em um
passado recente.
Durante a ditadura, aqueles que
se opunham ao regime eram perseguidos, muitos desses foram presos, torturados,
mortos e desaparecidos. No inicio foram os guerrilheiros, depois os militantes
de partidos de esquerda, depois os sindicalistas, depois os intelectuais. O sindicalismo
e a atividade política tinham se
convertido em crimes. Não existia a liberdade de expressão nem direito de
reunião.
O medo do socialismo e comunismo
se alastrava com a disseminação das representações desses como sendo coisa
inferno e do capeta, ou seja, ia contra aos valores da família e da igreja,
além dessas, outras acusações aterrorizavam o imaginário da população. A sua
representação se dava pela cor vermelha.
A alienação chegava pelas TVs,
jornais, filmes e outras tantas diversas formas de comunicação, até mesmo a
forma escolar e as alterações nas matrizes curriculares buscavam uma educação
apolítica. É disseminado o discurso da neutralidade. O objetivo maior é negar a
política como algo determinante e mantenedor das relações e estruturas de
opressão e poder.
Ainda hoje, muito se fala na
formação crítica, mas poucos relacionam isso com a formação política. Ainda se
concebe a política como algo externo aos indivíduos, como uma escolha pessoal,
sem entender que o ser humano é um ser político por essência – desde o
nascimento. É mantido os discursos apolíticos, orgulhosamente apresentado como
se fosse um privilégio ou símbolo de grandeza e dignidade.
Para esses é preciso informar: a negação
da política, em nenhum tempo histórico, em nenhum lugar do mundo, trouxe algo
de melhor para a humanidade, apenas retrocesso e atos de desumanidade.
Mais do que nunca se faz necessário
discutir política, analisar os projetos de sociedade em disputa, bem como
pensar que ferramentas são essas: sindicato, partido, movimento social, central
sindical. É preciso fazer as críticas necessárias, lutar e construir a nova
sociedade da classe trabalhadora.
Referência: GALEANO, Eduardo. El fascismo en América
Latina: carta a un editor mexicano. In.: GALEANO, E. Nosotros decimos no: cronicas 1963 – 1988. Buenos Aires: Veintiuno
editores, 2012.
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* Professor na rede estadual de
ensino. Dirigente da APP-Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do
Paraná, Núcleo Sindical de Laranjeiras do Sul, ocupando atualmente a Secretaria
de Políticas Sociais.