quarta-feira, 25 de junho de 2014

Reflexões sobre o Conselho de Classe Participativo

Por Rudison Luiz Ladislau

Iniciou-se na semana, do dia 02 de junho, os conselhos de Classes Participativos do Colégio Iraci Salete, momentos de grande importância, já previstos no Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola para se efetivar a concepção de educação pretendida. Tal processo de avaliação coletiva vem sendo exercitado há vários anos nesta instituição, conforme prevê o Projeto Político Pedagógico:

“O Conselho de Classe Participativo é espaço-tempo de efetivar o que denominamos de avaliação dialógica, de chamada para o compromisso com o estudo e a formação e não para obter notas. Ele é, também, um espaço de divisão do poder da instituição escolar, avaliamo-nos nas instâncias da escola envolvida no processo educativo... avaliar é parar e olhar o que foi feito e como foi feito, tendo como referência os objetivos a que nos propomos e, para isso, é fundamental o olhar dos diferentes atores envolvidos nesse processo para que a prática pedagógica seja vista dos diferentes lugares que ocupamos e que nossos papéis possam ser avaliados por estes olhares” (PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO, P. 59, 2013).

                Para que os Conselhos de Classes aconteçam, o coletivo escolar tem elaborado toda uma organização de tempos e espaços diferenciados dentro da prática escolar. Previamente os educandos, elaboram uma auto avaliação, seguida de uma avaliação dos professores, funcionários, equipe pedagógica e direção. Em outro momento, é reunido todos esses sujeitos, juntamente com os pais, mães e/ou responsáveis, onde então acontece a socialização das avaliações, discussões e tomada de encaminhamentos.
                Em sua dissertação de mestrado, Ana Hammel, tratando do Ciclo de Formação Humana, aborda o Conselho de Classe Participativo, e faz sua relação direta com as concepções de educação:

“Para estabelecer mecanismos de construção de uma escola que de fato ensina e não seleciona, que inclua e não classifica, de participação direta são realizados os Conselhos De Classes Participativos (CCP’s), um espaço efetivo de participação de estudantes, professores e da comunidade, e ao mesmo tempo que visa romper com o tradicional conselho de classe no qual os professores se reúnem para, sem os estudantes, encontrar consensos sobre eles (HAMMEL,  2013).”

                Nesses primeiros conselhos do ano, foi observado alguns limites e muitos outros tantos avanços em sua organicidade. Limites apontados em algumas turmas onde não houve grande participação dos pais, mães e/ou responsáveis, mas que, no entanto, verificou-se o contrário em outras turmas, onde ocorreu a participação de todos os convocados; ainda houve avanço na participação dos professores, bem como na auto organização de alguns educandos, especialmente do curso de Formação de Docentes, que realizaram as oficinas de dança, música e Judô para determinado grupo de educandos (reagrupamentos). Da mesma forma, houve avanço ainda na própria elaboração das avaliações. Porém, um grande limite para todas as atividades organizadas pela escola, é a ausência dos estudantes em dias de chuva, pois, devido a precariedade das estradas, os ônibus escolares não circulam no interior do assentamento nesses dias, devido aos atoleiros, o que acaba comprometendo a realização do que foi planejado.
 A pedagoga Adriana Junkerfeuerborn de Barros comenta os conselhos de classes deste ano:

“ __ observa-se que os pais estão bem comprometidos com o acompanhamento da aprendizagem de seus filhos, em suas participações. Realizam cobranças em relação as metodologias e responsabilidades dos professores, elogiam e se dispõem para qualquer eventualidade. Os educandos demonstram criticidade e exigem atividades desafiadoras para aprimorar seus conhecimentos. Observa-se que os pais e os educandos estão preocupados com a aprendizagem.”

                A professora Geografia Maria Isabel Farias, também fala sobre os conselhos:

“O conselho de classe realizado no Colégio Estadual do Campo Iraci Salete Strozak é um momento muito rico e construtivo. Um espaço para  refazer/reconstruir com o coletivo. Pois coloca todos/as para repensar os processos formativos com problematização, aprendizagem e construção do conhecimento.  Um processo intencional de avaliação, com compromisso, onde os educandos/ educadores/pais/mães, funcionários tem o desafio de  refletir  sua prática.

Dessa maneira, e com suas contradições, os Conselhos de Classes do Colégio Iraci seguirão sendo realizados nos próximos dias, como um grande movimento de avaliação e de formação de todos e todas, sendo prova de um salto qualitativo nas práticas escolares.
Referências:

HAMMEL, Ana Cristina. Ciclos de Formação Humana no Colégio Estadual do Campo Iraci Salete Strozak. Cascavel – PR. Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, dissertação de mestrado, 2013.

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO DO COLÉGIO ESTADUAL DO CAMPO IRACI SALETE STROZAK. PPP. Rio Bonito do Iguaçu – PR, 2013.

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