No dia 30 de março de 1999 aconteceu a ocupação de uma fazenda
improdutiva na região Centro do Paraná. Cerca de 20 famílias, oriundas de
comunidades vizinhas, filhos e filhas de pequenos agricultores, arrendatários e
posseiros se organizaram no Movimento Sem Terra e ocuparam a área com o intuito
de produzir, gerar renda e sustento para as famílias. Nos primeiros dias foi
realizado o trabalho de construção dos barracos, limpeza do terreno, a segurança
feita 24 horas por dia, e mesmo a preparação da comida era feita de forma
coletiva para garantir que todos tivessem acesso, cada família trazia o que
podia para contribuir, a necessidade do momento ajudou construir nas famílias
um espírito de coletividade e cooperação.
No ano de 2006 encerrou para a comunidade e principalmente para as
mulheres o ciclo daquela agricultura convencional inviável tanto
economicamente, como social e ambiental, já não era mais possível produzir
daquele jeito.
Como o estado não fazia o assentamento às famílias decidiram dividir a
terra provisoriamente com isso intensificou a preocupação com as nascentes de
água que iam abastecer as casas de cada família e muitas estavam contaminadas.
A comunidade organizou um mapa considerando todas as fontes, nascentes,
córregos, rios, banhados etc. e definiu
uma metragem bem maior que aquela prevista na lei para a
preservação. As condições de saúde e econômicas instigavam as famílias a seguir
avançando com a produção de alimentos limpos de agrotóxicos e agroquímicos. As
famílias nomearam a comunidade de Recanto da Natureza fazendo com que o
compromisso da preservação fosse assumido publicamente por todos.
A Luta das famílias pela conquista da terra e por dignidade se arrasta
desde 1999 quando foi ocupada, até hoje são quase dezesseis anos de lutas,
sofrimentos, descobertas, inovações e muitas conquistas. Jovens que nasceram no
primeiro ano de ocupação já completaram 15 anos e ainda não viram o tão sonhado
assentamento, nem por isso desistiram de sonhar, construir suas moradias,
adquiriram energia elétrica que deu um salto de qualidade na produção.
O avanço na participação das mulheres em todas as instâncias, a
produção do mel, a continuidade da produção agroecológica, a certificação
das famílias para a produção, a comercialização da produção na feira que ocorre
em Laranjeiras do Sul todas as quintas a partir das 16 h, a inserção no PAA e
PNAE, a construção coletiva da agroindústria de processamento de alimentos a
vácuo dos alimentos produzidos internamente dentre outras conquistas demonstram
o avanço da consciência política e consciência de classe da comunidade Recanto
da Natureza e da luta desse 30 anos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra!
Nenhum comentário:
Postar um comentário