quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Breve história de luta e conquista do Recanto da Natureza na peleia pela agroecologia!


No dia 30 de março de 1999 aconteceu a ocupação de uma fazenda improdutiva na região Centro do Paraná. Cerca de 20 famílias, oriundas de comunidades vizinhas, filhos e filhas de pequenos agricultores, arrendatários e posseiros se organizaram no Movimento Sem Terra e ocuparam a área com o intuito de produzir, gerar renda e sustento para as famílias. Nos primeiros dias foi realizado o trabalho de construção dos barracos, limpeza do terreno, a segurança feita 24 horas por dia, e mesmo a preparação da comida era feita de forma coletiva para garantir que todos tivessem acesso, cada família trazia o que podia para contribuir, a necessidade do momento ajudou construir nas famílias um espírito de coletividade e cooperação.

No ano de 2006 encerrou para a comunidade e principalmente para as mulheres o ciclo daquela agricultura convencional inviável tanto economicamente, como social e ambiental, já não era mais possível produzir daquele jeito.

Como o estado não fazia o assentamento às famílias decidiram dividir a terra provisoriamente com isso intensificou a preocupação com as nascentes de água que iam abastecer as casas de cada família e muitas estavam contaminadas. A comunidade organizou um mapa considerando todas as fontes, nascentes, córregos, rios, banhados etc. e definiu
uma  metragem bem maior que aquela prevista na lei para a preservação. As condições de saúde e econômicas instigavam as famílias a seguir avançando com a produção de alimentos limpos de agrotóxicos e agroquímicos. As famílias nomearam a comunidade de Recanto da Natureza fazendo com que o compromisso da preservação fosse assumido publicamente por todos.

A Luta das famílias pela conquista da terra e por dignidade se arrasta desde 1999 quando foi ocupada, até hoje são quase dezesseis anos de lutas, sofrimentos, descobertas, inovações e muitas conquistas. Jovens que nasceram no primeiro ano de ocupação já completaram 15 anos e ainda não viram o tão sonhado assentamento, nem por isso desistiram de sonhar, construir suas  moradias, adquiriram energia elétrica que deu um salto de qualidade na produção. 


O  avanço na participação das mulheres em todas as instâncias, a  produção do mel, a continuidade da produção agroecológica, a certificação das famílias para a produção, a comercialização da produção na feira que ocorre em Laranjeiras do Sul todas as quintas a partir das 16 h, a inserção no PAA e PNAE, a construção coletiva da agroindústria de processamento de alimentos a vácuo dos alimentos produzidos internamente dentre outras conquistas demonstram o avanço da consciência política e consciência de classe da comunidade Recanto da Natureza e da luta desse 30 anos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra!



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