terça-feira, 25 de junho de 2013

Projeto Político Pedagógico de nosso Colégio



Organização do Trabalho pedagógico da Escola Iraci Salete Strozak e as Escolas Itinerantes

Uma escola organizada em ciclos de formação humana
O Colégio Estadual Iraci Salete Strozak – Educação Infantil, Ensino Fundamental, Médio e Normal é organizado em Ciclos de Formação Humana. Este colégio é a Escola Base das Escolas Itinerantes do Paraná, que funcionam nos acampamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Escolas Itinerantes vinculadas ao Colégio Iraci Salete:
Nome das Escolas Itinerantes
Educação
Infantil
Ensino Fundamental
Ensino Médio

Nº de Educandos
Acampamento
Município
Anos Iniciais
Anos Finais




Escola Itinerante Oziel Alves
X
X


28
Casa Nova
Cascavel
Escola Itinerante Zumbi dos Palmares
X
X
X
X
130
1º de Agosto
Cascavel
Escola Itinerante Sementes do Amanhã
X
X


70
Chico Mendes
Matelândia
Escola Itinerante Paulo Freire
X
X


20
Reduto de Caraguatá
Paula Freitas
Escola Itinerante Camihos do Saber
X
X
X
X
180
Maila Sabrina
Ortigueira
Este colégio tem seu currículo organizado em Ciclos de Formação Humana, com os quais busca-se contrariar a lógica escolar excludente da seriação pautando a organização do trabalho pedagógica numa perspectiva emancipatória.
O Ciclo da Infância na Educação Infantil, I Ciclo, compreende o atendimento a crianças de 4 e 5 anos de idade, com o trabalho unidocente.
            Quanto ao Ensino Fundamental este passa a adequar-se progressivamente à ampliação do Ensino Fundamental de 9 anos de duração, com matrícula obrigatória dos educandos a partir de 6 anos de idade, no primeiro ano, iniciado em 2007. O Ensino Fundamental organiza-se em três ciclos: INFÂNCIA- I Ciclo: em que os educandos precisam construir o domínio da alfabetização; PRÉ-ADOLESCÊNCIA- II Ciclo: ampliação da alfabetização  e; ADOLESCÊNCIA- III Ciclo: o foco passa a ser a estruturação de conceitos; estando organizada em  nove anos, atendida de forma unidocente nos 5 primeiros anos e multidocente  nos 4 anos finais.
 O Ensino Médio é o ciclo da juventude na escola, com suas dúvidas e certezas, o foco passa a ser como os conteúdos contribuem para entender o mundo onde vivem as relações com o mundo do trabalho, problematizando as inseguranças frente ao novo e as escolhas.

            Assim se organiza o Ciclo em nosso Colégio:

CICLOS DA VIDA HUMANA


CICLO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
IDADE

ANOS
INFÂNCIA
Ciclo único – Educação Infantil
4 anos
5 anos

ED. INFANTIL
I Ciclo do Ensino Fundamental
6 anos
7 anos
8 anos
8 anos
1ºANO
2ºANO
3ºANO
CLASSE INTERMEDIÁRIA
PRÉ-ADOLESCÊNCIA
II Ciclo do Ensino Fund.
9 anos
10 anos
11 anos
4ºANO
5ºANO
6ºANO
CLASSE INTERMEDIÁRIA
ADOLESCÊNCIA
III Ciclo do Ensino Fund.
12 anos
13 anos
14 anos
7ºANO
8ºANO
9ºANO
CLASSE INTERMEDIARIA
JUVENTUDE
Ciclo único – Ensino Médio
15 anos
16 anos
17 anos
1ºANO
2ºANO
3ºANO

Tabela 2 - Organização da escola nos Ciclos de Formação Humana
O que são os ciclos de Formação Humana?
Ciclo é movimento, não nos deixa parados, é processo, é relação, é agrupar e reagrupar-se para aprender e ensinar. O currículo por Ciclos vem para renovar os métodos de organização e de ensino. Se a estrutura curricular por Ciclos nos remete a pensar sobre os sistemas de ensino, também nos permite pensar sobre a intervenção didática. Os Ciclos exigem de nós educadores um novo olhar sobre o sujeito aprendente e nos desafiam para novas concepções e métodos de avaliação como, por exemplo, a promoção e não o fracasso dos sujeitos.
Os ciclos se fundamentam no processo de desenvolvimento humano em sua temporalidade. Eles não significam apenas uma mudança de estrutura da escola, ainda que essa organização também interfira nos modelos de ensino. Ou seja, mesmo que consideremos que a mudança da estrutura em Ciclos seja mais importante, é na prática educativa que podemos prever ou interferir no desenvolvimento do trabalho pedagógico. Ainda assim, pensar os tempos humanos na escola é também pensar como estes vão estar se relacionando como um tempo escolar mais longo e também porque se quer romper com o modelo seriado e fragmentado da escola. Como vimos cada ciclo compreende três anos, assim o tempo do educando na escola aumenta. Os objetivos, metas e conteúdo são estabelecidos a partir desta perspectiva e é este o tempo de educando tem para a aprendizagem e desenvolvimento.

Por que adotamos o ciclo na Escola?

A adoção dos ciclos exige uma mudança significativa nas concepções que dão sustentação às práticas pedagógicas e à própria consolidação das mesmas. Se representarem apenas mudança de forma e não de conteúdo, será uma mudança inócua. Entendemos, então que organizar a escola em Ciclos de Formação Humana significa romper com a fragmentação do saber e alargar os tempos de aprendizagem e desenvolvimento, possibilitando a convivência com a diversidade. Assim sendo, faz-se necessário refletirmos sobre nossa concepção de homem, sociedade, desenvolvimento e aprendizagem. Não representa, portanto, apenas uma organização temporal, mas uma preocupação com o processo permanente de desenvolvimento e aprendizagem dos educandos.
Os ciclos incorporam elementos como a auto-organização dos(as) educandos (as). Dalben (2000, p. 21) segue dizendo:“O ciclo de formação incorpora a formação global do sujeito, considerando a diversidade de ritmos no processo educativo. A escola caberia o papel de criar espaços de experiências variadas de geração de autonomia e da produção do conhecimento sobre a realidade”. o estudo da realidade e a atualidade
Estudos a partir do referencial teórico de Vygotsky e Arroyo (1999), além do conjunto de experiências em andamento com o trabalho dos Ciclos de Formação Humana, comungam da idéia de que o sujeito aprende e se desenvolve nas relações, entre os sujeitos, com o contexto e com o objeto a ser conhecido, mas fundamentalmente na qualidade e intensidade vivida pelos sujeitos nestas relações. Neste sentido o adulto tem o papel de mediador, provocador e organizador das relações as quais devem ser ampliadas e aprofundadas processualmente de sujeito para sujeito e de ciclo para ciclo, superando a ideia e a prática da reprovação ou retenção.
 Processo de Avaliação: O objetivo central desta é tomar a realidade vivida no interior da escola e suas relações com o contexto para desde então construir possibilidades de intervenção político-pedagógica no currículo e na escola. Ela assume ainda o papel de redimensionar a ação pedagógica bem como subsidiar permanentemente educadores(as) e a escola na condução do processo educativo. Faz-se isto desse os Conselhos de Classe Participativos, os Agrupamentos e Reagrupamentos, as Classes Intermediárias, as Pastas de Acompanhamento, os Cadernos de Avaliações e os Pareceres Descritivos. A escola definiu critérios e instrumentos possíveis e necessários para a formação que propusemos a efetuar. É preciso clareza que cada educando é um ser único, com relações específicas e por isto reage de maneira diferenciada a cada situação.  Por isto nosso processo avaliativo traz presente à recuperação, a qual o educando tem direito e é dever do coletivo oferecer. Fazemos esta desde atividades combinadas no coletivo de educadores dos ciclos, dos reagrupamentos e das Classes Intermediarias.
            É com este entendimento que a Escola propõe um processo de avaliação sistemático e coerente, com critérios e instrumentos bem definido, porém abertos a sugestões e contribuições que possam contribuir para formação humana dos estudantes.

1. Critérios e instrumentos de avaliação: O trabalho com as avaliações perseguirá a orientação de trabalharmos com critérios e instrumentos de avaliação. Como instrumentos indica-se: provas orais e escritas, individuais e coletivas desde os seminários; apresentação oral e escrita; resolução de lista de atividades para fixação; pesquisas e trabalhos bibliográficos; pesquisa de campo; pesquisa laboratorial; apresentação de painéis e murais; jornada de estudos dirigidos; jornada de estudos individual; criação de folders; produção textual, simulado e prova de concurso entre outros que devem ser previstos nos planos docentes de cada profissional, com acompanhamento da Equipe Pedagógica. Os critérios de avaliação também devem compor esse trabalho, indica-se: a apreensão do conhecimento, a participação e assiduidade, o interesse e a busca pelo conhecimento, a qualidade na realização dos trabalhos, a problematização e o questionamento, a tomada de decisão e iniciativa, entre outros. Porém sempre os instrumentos e critérios devem ser combinados com os educandos e educadores.
2. Conselho de Classe Participativo          
O Conselho de Classe Participativo é espaço-tempo de efetivar o que chamamos de avaliação dialógica, de chamada para o compromisso com o estudo e a formação e não para obter notas. Ele é também, um espaço de divisão do poder da instituição escolar, avalia-se cada sujeito e cada instância da escola envolvida no processo educativo. É na perspectiva de “fôlego”, (Luckesi,1986) que os Conselhos de Classe Participativos colocam-se com esta função, espaço-tempo, participativo e democrático com a finalidade de avaliar e diagnosticar o processo ensino aprendizagem e a formação humana como um todo no conjunto da escola.
Avaliar é parar e olhar o que foi feito e como foi feito, tendo como referência os objetivo a que nos propomos e para isso é fundamental o olhar dos diferentes atores envolvidos nesse processo, para que a escola e a sua pedagogia sejam visto dos diferentes lugares que ocupamos e que nossos papéis possam ser avaliados por estes olhares.
Os Conselhos de Classe Participativos acontecerão ao final de cada trimestre, sempre a partir da metodologia proposta, que apresenta três momentos básicos: 1º Momento: No primeiro momento cada educando deverá elaborar uma auto-avaliação em forma de parecer descritivo do seu desempenho em classe, levando em consideração os elementos da aprendizagem e de participação coletiva na turma. O educador coordenador fará a avaliação da turma considerando os elementos arquivados na Pasta de Acompanhamento e a avaliação do coletivo dos educadores. Para isso a Equipe Pedagógica da escola apresentará anteriormente os critérios.  2º Momento: No segundo momento o educador e educando coordenadores da turma com o apoio da Equipe Pedagógica sistematizarão as auto-avaliações elaborando um parecer descritivo da turma e do colégio segundo os critérios estabelecidos em cada período. 3º Momento: No terceiro momento será realizado um encontro onde o educando e educador coordenadores da turma apresentarão a sistematização.Todos os envolvidos no processo de avaliação serão ouvidos e após complementarão com análises, sugestões, questionamentos, desafios e até mesmos alertas e quais os passos a serem seguidos, como: replanejamento dos educadores, fazer conversa com os pais, registrar em atas os combinados e expondo-os. Participam deste momento a direção e/ou direção auxiliar, equipe pedagógica, os educandos e educadores da turma, bem como pais, membros do Conselho Escolar, APMF.
3.  PASTA DE ACOMPANHAMENTO
A PASTA DE ACOMAPANHAMENTO é um espaço e instrumento de registro do desenvolvimento e aprendizagem da escrita dos educandos. A escrita é conhecimento, ela é a síntese do aprendizado em cada período. Por isto o educador deve valorizá-la e acompanhá-la, independente da área que trabalhe. Escrever, produzir, sistematizar, acompanhar não coisa somente de professora de português, é sim tarefa de todo o coletivo.
Por isto mensalmente cada educador, definido anteriormente pela coordenação pedagógica, deverá conduzir a elaboração da produção escrita das turmas, definindo o tema e a tipologia textual, esta deverá ser diversificada. Tendo clareza da importância de fazer as revisões necessárias para a escrita e utilizá-las posteriormente para planejamento e replanejamento de suas aulas.
O Colégio dispõe de folha padrão onde deve ser passada a versão a limpo da produção escrita. O texto é lido e feito observações pelo educador aplicador e pelos demais educadores da turma, porém o texto não deverá sofrer alteração.  Ele servirá para estudos, comparações e avaliação de que ações devem ser encaminhadas com cada educando nas próximas aulas.
O acompanhamento é também dos educandos que irão colocar seus novos textos nas Pastas e também observar os anteriores para ver as evoluções e retrocessos. As famílias também devem ter acesso às produções, sempre que comparecerem a escola terá a disposição as Pastas para acompanhar o desenvolvimento e aprendizagem de seus filhos. 

4.  Cadernos de Avaliações

            Os cadernos de Avaliações são espaços de registros do desenvolvimento e aprendizado pelos educandos dos conteúdos trabalhados nas diferentes disciplinas durantes os semestres. As anotações no caderno é uma tarefa de todos. Não temos mais a tarefa de passar notas, fazer médias, vamos agora escrever explicando o desenvolvimento de nossos educandos. Esta escrita servirá de embasamento para o professor coordenador estruturar o parecer parcial e final.
Mais coerente, com dados claros e precisos, superando a meritocracia e a classificação os cadernos descrevem a aprendizagem real, os limites e possibilidades, as ações dos educadores, da equipe pedagógica e da família. Sempre disposição de todos os professores, da coordenação pedagógica e da família, ele deve ser levado a sala de aula, para observações pertinentes, pois além dos resultados das avaliações formais, os cadernos são espaços de anotações das relações sociais que os educandos estabelecem.  São anotações em diferentes aspectos e dimensões da formação humana, destacando aspectos da apropriação do conhecimento, questões atitudinais e comportamentais, das relações de convivência, iniciativa no trabalho;
As anotações precisam ser pertinentes, claras, explicativas e propositivas, permanentes, não somente ao final do semestre, para fazer os pareceres. Ao anotar precisamos dizer o que foi sendo proposto para o educando avançar, são aquelas dicas que vamos dando durante as aulas. Todo ser humano tem suas positividades e seus limites, ao escrever vamos destacar as duas dimensões;
Toda conversa com pais, recomendações, advertências, entre outros, também registraremos são registradas no caderno;
5. Pareceres Descritivos
 O parecer descritivo cumpre parte a função de dar elementos sobre a aprendizagem dos educandos, o que foi aprendido e o que ainda precisa ser. Descreve com fundamento científico os conhecimentos trabalhados e os objetivos previstos em cada período. È o documento oficial do resultado da aprendizagem e do desenvolvimento, ao invés de fornecer um boletim com médias aritméticas, que pouco ou nada dizem pais, estudantes, escolas que os recebem os educandos deste colégio, terão acesso ao um dossiê descritivo, com limites, possibilidades e necessidades que cada um apresenta.
A tarefa de sistematizar a versão preliminar ou primeira versão do parecer será do professor coordenador da turma, para isto recorrerá ao Caderno de Avaliação, as Pastas de Acompanhamento e quantos outros recursos se fizerem necessários. De posse desta versão será feita a leitura para todos os educadores da turma, que farão as revisões e correções pertinentes, para só então termos a versão final. Nas turmas com unidocência o processo é diferenciado, pois um único educador trabalha todas as disciplinas. 
6.  Agrupamento e reagrupamento
            A organização em Ciclos de Formação Humana prevê os agrupamentos referencias e os reagrupamentos. Os agrupamentos referências são as turmas de origem, onde os educandos são matriculados e os reagrupamentos são novas turmas constituídas sempre que necessário.
O processo de agrupar e reagrupar os sujeitos na escola para aprender e se desenvolver colocam a escola em movimento, forja-se uma escola onde não se cristaliza as possibilidades de viabilizar o aprendizado e o desenvolvimento de todos, o que inclui os profissionais da educação. Esta é uma escola que cria e re-cria espaços e tempos de aprender relações e conhecimentos.
Os agrupamentos/turmas na educação básica em nosso projeto terão no máximo vinte (20) educandos no primeiro e segundo ciclo e de vinte cinco (25) educandos no terceiro e quarto ciclos, sendo que trinta (30) para o quinto ciclo. No agrupamento referência, os educandos permanecerão a maior parte do tempo do dia e da semana para construção do conhecimento e das relações próprias de cada idade.
                        Além do agrupamento referência, por idade, as crianças poderão vivenciar os reagrupamentos que ocorrem entre as diferentes idades no mesmo ciclo e entre os diversos ciclos. Quando, no mesmo ciclo, reagrupamento horizontal e o reagrupamento vertical, entre sujeitos dos diferentes ciclos, isso para que os educadores possam trabalhar com as necessidades específicas do desenvolvimento de cada grupo.
                        O reagrupamento poderá se dar em torno das necessidades[1] e potencialidades[2] dos sujeitos (o sujeito aprende e se desenvolve nas relações entre os sujeitos, com o contexto e com o objeto a ser conhecido, neste caso o conteúdo), ou seja, é um tempo e espaço para possibilitar novas relações com outros sujeitos, educandos e educadores. Neste momento, preferencialmente, serão grupos menores para garantir o atendimento, eles podem acontecer semanalmente, sempre que o coletivo de educadores do ciclo julgar necessário.
                        Precisamos nos dar conta de que ao agruparmos todos os educandos por necessidades e potencialidades, estaremos garantindo que todos avancem. Isso deve tirar de nossa prática em sala de aula a idéia de classes “parelhas”, homogêneas, pois as diferenças no desenvolvimento são condições para o processo educativo. Avança aquele que tem maiores limites, mas avança aquele que já está num estágio desejado. Na escola dos ciclos todos devem aprender. Afinal este é um direito do sujeito e um papel de educadores como profissionais da educação.
                         
7. Classe Intermediária
                        Ao final de cada ciclo, caso o educando não tenha atingido o proposto, este freqüentará uma Classe Intermediária em contraturno. Esta consiste em ser uma turma entre um ciclo e outro, por tempo indeterminado, tendo sua matrícula sempre na turma seqüente superando a reprovação e como garantia de efetiva aprendizagem e desenvolvimento. Este processo se dará apenas no Ensino Fundamental.
A classe intermediária será organizada em torno das áreas de conhecimento: Área da Linguagem; Área de Ciências da Natureza e Área das Ciências Sociais, sendo que cada uma terá cinco horas/aula semanais totalizando 15h/a. Seu conteúdo será definido desde o diagnóstico das necessidades registradas na Pasta de Acompanhamento.
A classe intermediária supera as turmas de Apoio a Aprendizagem ou o Reforço Escolar na medida em que sua intencionalidade é outra, não é reforçar o que não aprendeu e nem apoiar a aprendizagem que acontece na turma referência. Ela tem como objetivo superar a necessidade que o educando apresenta e o impede de ter seu pleno desenvolvimento e aprendizagem dos conteúdos. Partimos do princípio que todos são capazes de aprender, em ritmos, tempos e metodologias diferentes, o educador que assume esta turma precisa ter presente a necessidade do educando e variadas opções metodológicas para superá-la, abertura para dialogar com os educadores referências, com a coordenação pedagógica, família e quantas outras pessoas possam contribuir para superação dos limites. Registro claro e preciso da evolução ou não do educando, instrumentos utilizados durante e período que ele freqüentou a Classe.
A Classe Intermediaria é uma opção da família, que precisa assumir junto com a Escola a tarefa de superar os limites que os educandos possam apresentar por isto a família recebe um termo de compromisso e ciência de suas tarefas.
Assim é a Escola do Ciclo, um lugar onde todos têm responsabilidades com o processo educativo. Não somos apenas nós os educadores que ensinamos. A família, a comunidade são importantes parceiros nesta função.

Opção metodológica
                        O trabalho pedagógico em nossa Escola é voltado para a Educação do Campo, trabalhando conteúdos curriculares, metodologias e com organização escolar própria, adequando-se à natureza do trabalho camponês, conforme Art. 28, itens I, II e III da LDB.
Art. 28. Na oferta de educação básica para a população rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações necessárias à sua adequação às peculiaridades da vida rural e de cada região, especialmente: I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural; II - organização escolar própria, incluindo adequação do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições climáticas; III - adequação à natureza do trabalho na zona rural.
                   Esta proposta de educação exige das práticas educativas dos educadores a permanente relação entre pesquisa da realidade[3] e a organização do conhecimento desde os eixos propostos nas diretrizes da educação do campo[4] da SEED, assumidas como modo de organização do trabalho pedagógico. Assim a cada início de semestre é tempo de parar olhar para a realidade e a partir dela estabelecer os conteúdos e as amarrações que serão feitas. É tempo também de devolver à comunidade escolar aquilo que foi estudado, o que foi aprendido, o elencar temáticas para o próximo período letivo.
                        Dentro desta organicidade os Ciclos de Formação Humana, colocam-se em movimento, articulando a Pesquisa da Realidade, os Eixos da Educação do Campo, as Disciplinas e/ou Áreas do Conhecimento e os Conhecimentos Escolares (conteúdos), isso tudo como forma de garantir o conhecimento a serviço da formação humana.
                        Sabemos ainda que cada idade têm potencialidades e necessidades próprias para aprender certos conhecimentos, que estamos imersos numa cultura, a cultura camponesa, a cultura popular e a universal, a mídia, o mercado e em relação permanente com conhecimentos e saberes diferentes com múltiplas situações e contextos que devem compor o currículo escolar.
                        A partir da pesquisa participante, todo planejamento do trabalho pedagógico da escola organiza-se em três grandes momentos: Estudo da Realidade (ER), Organização do Conhecimento (OC) e Aplicação do Conhecimento (AC), mais detalhados a seguir.

Estudo da Realidade (ER): O estudo da realidade em que a escola se situa, pode ser através das Situações codificadas: que são a Escolha de falas, de fotografias e/ou filmagens da região que contenham de forma implícita contradições da problemática local. A perspectiva é a de estar resgatando da vivência dos alunos situações que são significativas para a comunidade e que se apresentam como limites explicativos na compreensão de sua realidade.
Dinâmicas: São apresentadas essas questões e/ou situações para discussão com educandos. Sua função é fazer a ligação do conteúdo com situações reais que educandos conhecem e presenciam, para as quais, provavelmente, não dispõem de conhecimentos sistematizados suficientes para interpretar total ou corretamente. A problematização poderá ocorrer pelo menos em dois sentidos. De um lado, pode ser que o educando já tenha noções sobre as questões colocadas, fruto de sua aprendizagem anterior, na escola ou fora dela. Suas noções poderão ou não estar de acordo com as teorias e as explicações das Ciências, o que tem sido chamado de "concepções alternativas" ou "conceitos intuitivos" dos educandos. A discussão possibilita que essas concepções surjam. Por outro lado, a problematização poderá permitir que educandos sintam necessidade de adquirir outros conhecimentos que ainda não detêm, ou seja, coloca-se para ele um problema a ser resolvido. Eis por que as questões e situações devem ser problematizadas. Neste primeiro momento, caracterizado pela compreensão e apreensão da posição dos educandos frente ao assunto, é desejável que a postura do educador seja mais a de questionar, lançar dúvidas, do que a de responder ou fornecer explicações. Quando se considera a programação é este o momento em que se explora a experiência do educando, ajudando-o a olhá-la de forma distanciada. Envolve, necessariamente, descrição das situações de vida, de modo quantitativo e qualitativo, buscando as relações que podem ser estabelecidas nesse primeiro momento, sistematizando e ampliando coletivamente as interpretações que os educandos já têm.

Organização do Conhecimento (OC): Neste momento, o conhecimento necessário para a compreensão da problematização inicial será sistematicamente estudado sob orientação do educador Serão desenvolvidas definições, conceitos, relações. O conhecimento é programado e preparado em termos instrucionais para que o educando aprenda de forma a, por um lado, perceber a existência de outras visões e explicações para as situações e fenômenos problematizados e, por outro, comparar este conhecimento com o seu, podendo escolher o que usar para melhor interpretar aqueles fenômenos e situações.
Aplicação do Conhecimento (AC): Aborda sistematicamente o conhecimento que vem sendo incorporado pelo educando para analisar e interpretar tanto as situações iniciais que determinaram o seu estudo, quanto outras situações que não estejam diretamente ligadas ao motivo inicial, mas que são explicadas pelo mesmo conhecimento. Deste modo pretende-se que, de forma dinâmica e paulatina, vá se percebendo que o conhecimento, além de ser historicamente produzido, está disponível para que qualquer cidadão faça uso dele e para isso deve ser apreendido. Caracteriza-se pela generalização e transferência do conteúdo adquirido na Organização do Conhecimento, por uma releitura da problematização feita no Estudo da Realidade, tendo sempre em vista as possibilidades de ação sobre o real.

 Coletivo de educadores de cada ciclo e sua formação
                        O processo pedagógico é coletivo e assim precisa ser conduzido, enraizando-se junto à comunidade tornando-se forte. A organização dos coletivos de educadores ocorre em três níveis: coletivo de educadores da escola, coletivo de educadores de um curso (infantil, fundamental, médio, formação de docentes) e coletivo de educadores do ciclo.
                        Coletivo de educadores do ciclo: reúne-se semanal, quinzenal e/ou mensalmente para formação, para a realização da hora atividade, juntamente com a coordenação da escola, realizando avaliações, estudos e planejamento.
                        Planejamento da escola: São encontros mensais que envolvem todo o coletivo escolar. Neste dia os educandos estarão envolvidos com as tarefas à distância.
                        Tarefa à distância: É uma atividade pedagógica realizada mensalmente num tempo de 4 horas, em que os educadores planejam e encaminham as atividades de pesquisa para os educandos a serem realizadas juntamente com as famílias e a comunidade para posteriormente ser trabalhada em sala de aula.
                        Grupos de pesquisa: São constituídos a partir do interesse e da necessidade dos educadores que por meio da pesquisa, do registro, do estudo e da sistematização aprofundam seus conhecimentos em temas específicos e comunicam o saber produzido em seminários de socialização e publicação, com certificação em parceria com a SEED e os Núcleos Regionais de Educação e Universidades.
                        Acompanhamento às escolas: Constitui-se de um espaço-tempo em que se realiza o trabalho de mediação pedagógica entre educadores, coordenação pedagógica, direção, conselho escolar, assessorias e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, tanto nos momentos de formação como nos momentos do cotidiano escolar.
                        Cursos e Seminários: Educadores participarão de momentos de formação promovidos por diferentes instituições formadoras, diante de um planejamento prévio, garantindo que o coletivo possa participar.
                        Conselho de classe: Além do Conselho de Classe participativo ocorrerá também o conselho de classe entre educadores ao final do ano letivo ou quando se fizer necessário.
                  Coordenadores de Turmas: Todo professor será coordenador, é a pessoa escolhida pela turma que irá acompanhá-la durante todo o ano, conhecer suas necessidades, dialogar com elas. É a pessoa referência para mediar conflitos, encaminhar sugestões. Sua tarefa será contribuir para o processo de auto-organização da turma e do colégio; elaborar a primeira versão do parecer descritivo dos educandos de sua turma e apresentar ao coletivo de educadores da turma e a equipe pedagógica de seu respectivo ciclo; acompanhar e cobrar o registro pelo professor da turma no caderno de avaliação;  contribuir no momento cívico de responsabilidade de sua turma; organizar, junto à Coordenação Pedagógica, o Conselho de Classe Participativo da sua turma;
Obs: Para as turmas de formandos, será responsabilidade dos coordenadores organizar as promoções e a formatura juntamente com a direção, equipe pedagógica do Curso, APMF, Conselho Escolar e pais;

Coordenador do Ciclo:  Cada Ciclo terá um coordenador pedagógico que será responsável por orientar e acompanhar professores e educandos sobre o bom funcionamento da escola e de seus projetos. Suas tarefas são: Orientar os professores no planejamento e nas horas atividades; Coordenar o Conselho de Classe de cada turma; Verificar os cadernos de Avaliações e garantir que sejam preenchidos; Organizar os horários das aulas junto a direção; Garantir a relação da Classe Intermediária com as turmas do Ciclo; Coordenar o Programa Viva Escola das turmas que é coordenador.
                        Coletivo de educados da Escola e sua formação
                  O processo de formação humana implica em propiciar momentos de participação e de decisão. Se quisermos sujeitos capazes de decidir, precisamos ensiná-los a refletir e ter consciências das implicações que nossas decisões trazem. Não queremos seres que apenas obedeçam a ordens mais que tenham capacidade de agir por iniciativa própria, que saiba respeitar as decisões do coletivo, mas que possa opinar e contribuir nas decisões deste coletivo. Que busque soluções para os problemas e não esperem soluções prontas. Que exercite a crítica e autocrítica; Que tenha atitude de humildade, solidariedade, mas também de autoconfiança e ousadia; Compromisso com o coletivo, capacidade de trabalhar em grupo e mediar os conflitos (MST, 2005). Assim os educandos também têm seus coletivos.
            Estudante Coordenador de Turma: Os educandos coordenadores serão escolhidos semestralmente, respeitando o princípio da rotatividade entre si e de gênero, bem como a capacidade de comando ao mesmo tempo em que é comandado. São tarefas  desta instância: Colaborar para que a turma não fique sem professor, devendo avisar a coordenação pedagógica até 5 minutos após o sinal; Auxiliar o professor(a) coordenador nas tarefas da auto-organização da turma; Contribuir para o processo de auto-organização da turma de do colégio; Coordenar juntamente com o professor coordenador o Momento Cívico; Representar a turma sempre que for solicitado e comparecer sempre que for convocado em reuniões, atividades extra-classe repassando todas as informações as turmas; Ajudar na organização da sala, espaço exterior; Ajudar a preservar o patrimônio escolar; Organizar junto com o professor (a) coordenador (a) de turma o Conselho de Classe Participativo.
      Grêmio Estudantil/ Coordenação Geral da Escola: O Grêmio Estudantil é eleito a partir da definição dos coordenadores de turma de pautam seus membros e apresentam para a Assembléia Geral legitimar ou não. A tarefa é problematizar o processo educativo no interior da escola. Pensar ações, propor mudanças. Organizar os momentos de leitura, de avaliação, de trabalho na horta, de ações culturais, de aplicação dos recursos financeiros, entre outras tarefas como a formação política, o estudo de textos sobre organização e auto-organização.
Projetos Extracurriculares/ Oficinas Pedagógicas: Tempo e espaço de capacitação e qualificação, aprofundamento de temas, conteúdos, de conhecer o novo, de exercitar a consciência crítica. Momento de conhecer outras linguagens como, por exemplo, a do teatro, da música, do ritmo, da informática; das manifestações culturais dos camponeses e de outros povos que produziram e sistematizaram seus conhecimentos. De dialogar com o outro e de estabelecer relações com o cotidiano, com o desejado e com o possível.

          



[1]             NECESSIDADES: optamos por este conceito em detrimento da idéia de dificuldade. Compreendemos que o sujeito tem maiores ou menores necessidades de apropriação de certo conceito e para isso a escola precisa organizar seu tempo e espaço para desenvolvê-los, superando a linearidade e hegemonia. Portanto, precisamos reagrupar para atender estas necessidades dos sujeitos aprendentes. As necessidades podem ser na ordem do conhecimento como nas relações sociais e elas devem ser superadas com ações de educadores e entre os próprios educandos, portanto os educandos serão re-agrupados pelas necessidades.
[2]             POTENCIALIDADES:Todo sujeito é sujeito de potencialidades (Vygotsky). São capacidades/potencialidades que o sujeito desenvolveu em sua formação e no contexto social e, que podem ser ainda mais desenvolvidas de acordo com o interesse de cada um e do coletivo, mas fundamentalmente com aquilo que iremos oferecer na escola. São agrupamentos livres ou dirigidos, nas oficinas de arte-educação (música, plástica, cênica...), nas áreas do conhecimento, na organicidade do Movimento e outros, onde os mais experientes ensinam os ainda menos experimentem em ofícios, conhecimentos e artes.
[3]             Entende-se por pesquisa da realidade o processo permanente de investigação do cotidiano da comunidade bem como o conjunto das relações que dele emanam, colando-se em movimento, assumindo a pesquisa participante como a grande metodologia da escola.

[4]         Cultura e identidade; interdependência campo-cidade; questão agrária e desenvolvimento sustentável; organização política; movimentos sociais e cidadania; trabalho.

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